Olá amigos, infelizmente terei que descumprir a promessa do último post, e voltarei a falar de música na próxima semana, mas vocês não perdem por esperar, pois na próxima quarta-feira falarei de Lulu, o disco gravado por Lou Reed e Metallica, que vem causando bastante controvérsia e só esta semana chegou às minhas mãos, então primeiro ouvirei com calma…

Aproveito também para anunciar que a partir de agora, os posts serão mais curtos, em parte por sugestão de vocês que me acompanham aqui, e um pouco também pela agitada rotina deste blogueiro.

O tema de hoje pra variar é espinhoso. Acredito que todo mundo já ouviu falar ao menos uma vez na famosa cracolandia, localizada na região central de São Paulo, no chamado centro velho, nas imediações das estações República, Luz e Anhangabaú do metrô, pra ser mais específico.

Vejo a região como uma espécie de campo de concentração a céu aberto. Ali vidas são degradadas por uma das mais devastadoras drogas que o homem já inventou. Exagero meu? Vejamos.

Cidadãos ”prisioneiros” de um vício, transformados em um exército de “noias” confinados em um território imundo, constantemente vigiados e reprimidos pela polícia e muitas vezes tratados como leprosos pelo restante da população que divide-se entre achar que trata-se de um caso de saúde pública ou simplesmente de polícia, e para os hipócritas de plantão que os encaram como uma afronta às famílias e pessoas de bem. Afronta uma ova! Queria ver se fosse um parente ou amigo desses moralistas e conservadores de meia tigela.

Sou a favor e luto não só pela descriminalização como pela legalização de drogas. E por favor, não me venham com conversa de enriquecer o crime organizado. As indústrias de cigarro e bebidas alcoólicas enriquecem industriais gangsteres que fazem parte de um certo ETA (Exploradores do Trabalho Alheio). As duas drogas em questão (bebida e cigarro), são pesadamente taxadas pelo Estado, tiveram sua publicidade quase banida dos meios de comunicação, e mesmo assim são fartamente consumidas por menores de idade de todas as classes sociais, alguns inclusive incentivados pelos pais, pois segundo a convenção, são drogas socialmente toleráveis. Detalhe: eu bebo e já fumei.

Crack mata? O que o álcool faz de vítimas em acidentes de trânsito causados por irresponsáveis bêbados armados com seus veículos e o tabaco mata de câncer também não está no gibi. Qual a razão então da satanização apenas de Maconha, Cocaína. Crack e companhia? O alcoólatra não é diferente do viciado em crack.

Tem muita família que interdita um parente alcoólatra, dando o mesmo como incapaz para gerir a própria vida. Está mais do que na hora da sociedade as instituições públicas tomarem medidas sérias e humanas, que incluam justiça e saúde. Fica a sugestão: que interditem-se então estes humanos transformados em zumbis indigentes, para que possam ser tratados, e não somente considerados parte do lixo ao qual misturam-se nas esquinas nas noites frias.

E que os sujeitos que ficam em Brasília disputando cargos, indicações e recebendo propinas, dediquem um pouco de seu tempo para agir sem hipocrisia, para que o tema deixe de ser apenas um discurso inconsistente em tribunas e no horário eleitoral gratuito. Vai ter custo monetário? Ok, que seja, usando o dinheiro público com a saúde da coletividade. Nada mais justo.

Mas a quem será que interessa o eterno descaso, a política e de repressão aos usuários e a criminalização das drogas? Indústria de bebidas e cigarros (concorrência)? Políticos defensores da “moral”? Polícia corrupta que se beneficia com o tráfico? Pense, e tire suas conclusões.

Para quem não viu, seguem duas reportagens muito boas. Uma do programa Profissão Repórter da Rede Globo,  a outra do programa A Liga da Rede Bandeirantes.

Se você não é de São Paulo, da próxima vez que vier à terra da garoa, dê uma passadinha na nossa Disneylandia do Crack, e verá um novo Auschwitz. Participe, comente, compartilhe.

Um grande abraço e até a próxima semana.